Teologia da Prosperidade


Teologia da Prosperidade (Estudo)
A Teologia da prosperidade é bastante conhecida no Brasil, pois ela ocupa boa parte do horário da TV brasileira. Ela se fundamenta no princípio de que o Cristão deve viver uma vida cômoda na sua passagem pela terra, por esse motivo, eles declaram que o Cristão deve ter  prosperidade nas seguintes áreas: Financeira, Física e emocional.
Origem da teologia da Prosperidade
“Movimento da Fé” ou “Palavra da Fé”, “Confissão Positiva” e “Evangelho da Saúde e da Riqueza“ teve sua origem na década de 40 nos Estados Unidos, no meio pentecostal, mas a efetiva introdução no meio evangélico se deu na década de 70. Entre os principais nomes da Teologia da Prosperidade com influência no Brasil, podemos citar: Kenneth Hagin, Benny Hinn, T. L. Osborn, Essek William Kenyon, Paul (David) Yonggi Cho, e muitos outros.
Introdução no Brasil

Na busca da bênção, o fiel deve determinar, decretar, No Brasil a primeira e principal igreja seguidora dessa doutrina é a Igreja Universal do Reino de Deus. Porém, outra igrejas, logo, seguiram o exemplo como é caso na renascer em Cristo, Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, Nova Vida, Bíblica da Paz, Cristo Salva, Cristo Vive, Verbo da Vida, Nacional do Senhor Jesus Cristo e pelas organizações Adhonep, Missão Shekinah e Internacional da Graça de Deus, ministério Vitoria em Cristo (Silas Malafaia), Tempo de Avivamento (Marcos Feliciano) Ministério Diante do Trono e tantas outras que surgem a cada dia.

Teologia da Prosperidade e as Doenças

Bênçãos e Maldições da lei
K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma vida de luxo.

O que a Teologia da Prosperidade diz sobre as doenças:

*Toda doença é do diabo, nenhuma doença vem de Deus, os crentes enfermos estão oprimidos.
*Todo crente tem direito a gozar saúde plena, se adoece é por não conhecer seus direitos.
*Se um crente não é curado, é porque está em pecado ou não tem fé suficiente para ser curado.
*Médicos e remédios ficam para os descrentes e para os crentes incrédulos.
*Nunca devemos empregar um pronome possessivo para uma doença, como por exemplo: “minha dor de cabeça”, pois isto impede a cura.
*Devemos confessar a cura, mesmo persistindo os sintomas contrários.

O que a Bíblia diz sobre as doenças e a cura:

*Há doenças que procedem de Deus e outras nos sobrevêm naturalmente (Dt 24.9; 32.39; 2Sm 12.15; 2Cr 26.20; 2Re 13.14; 1Co 11.30,32).
*Não existe este “direito” assegurado na Bíblia. Onde está escrito que temos este direito? O texto de Is 53.4 não afirma que Jesus levou nossas enfermidades “na cruz” e que por esta razão os crentes não adoecem mais, o cumprimento desta profecia messiânica se deu bem antes da cruz (Mt 8.14-17).
*Os filhos de Deus também adoecem, independente de pecado ou falta de fé, este é o testemunho das Escrituras Sagradas (2Co 4.16-18).

Teologia da Prosperidade e as Riquezas
Confissão Positiva
É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na "fórmula da fé", que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a "fórmula".
Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:
1) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá. Essa é a essência da confissão positiva.
2) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá".
3) "Receba a coisa". Compete a nós a conexão com o dínamo do céu". A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo.
4) "Conte a coisa" a fim de que outros também possam crer". Para fazer a "confissão positiva", o cristão dever usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de dizer : peço, rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade", pois isto destrói a fé.
Doutrina da Reciprocidade
Na busca da bênção, o fiel deve determinar, decretar, reivindicar e exigir de Deus que Ele cumpra sua parte no acordo; ao fiel compete dar dízimos e ofertas. A Deus cabe abençoar. Ao estabelecer esta relação de reciprocidade com Deus, o que ocorre é que Ele, Deus, fica na obrigação de cumprir todas as promessas contidas na Bíblia na vida do fiel. Torna-se cativo de sua própria Palavra.
Macedo ensina como proceder:
Comece hoje, agora mesmo, a cobrar d'Ele tudo aquilo que Ele tem prometido (...) O ditado popular de que 'promessa é divida' se aplica também para Deus. Tudo aquilo que Ele promete na sua palavra é uma dívida que tem para com você (...) Dar dízimos é candidatar-se a receber bênçãos sem medida, de acordo com o que diz a Bíblia (...) Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na obrigação (porque prometeu) de cumprir a Sua Palavra, repreendendo os espíritos devoradores (...) Quem é que tem o direito de provar a Deus, de cobrar d'Ele aquilo que prometeu? O dizimista! (...) Conhecemos muitos homens famosos que provaram a Deus no respeito ao dízimo e se transformaram em grandes milionários, como o sr. Colgate, o sr. Ford e o sr. Caterpilar. (MACEDO, Vida com Abundância, p. 36)
E prossegue:
Ele (Jesus) desfez as barreiras que havia entre você e Deus e agora diz ¾ volte para casa, para o jardim da Abundância para o qual você foi criado e viva a Vida Abundante que Deus amorosamente deseja para você (...). Deus deseja ser nosso sócio (...). As bases da nossa sociedade com Deus são as seguintes: o que nos pertence (nossa vida, nossa força, nosso dinheiro) passa a pertencer a Deus; e o que é d'Ele (as bênçãos, a paz, a felicidade, a alegria, e tudo de bom) passa a nos pertencer. (MACEDO, Vida com Abundância, pp. 25,85-86)
O Neopentecostalismo se caracteriza exatamente por este tipo de relacionamento do fiel com Deus, inspirada na Teologia da Prosperidade: o cristão tem direito a tudo de bom e de melhor neste mundo. Nas palavras de Macedo: A Bíblia tem mais de 640 vezes escrita a palavra oferta. Oferta é uma expressão de fé. Se Deus não honrar o que falou há três ou quatro mil anos, eu é que vou ficar mal. (MACEDO, O Globo, 29/4/1990). Cabe ao fiel demonstrar revolta diante de Deus e "de dedo em riste" exigir que as promessas bíblicas se cumpram.
Sacrifícios
Torna-se impossível não evidenciar que essa relação agrega um forte simbolismo ao dinheiro: o fiel propõe trocas com Deus para conseguir a bênção desejada. Neste discurso, a soberania de Deus é compartilhada pelo fiel na relação de troca. É incentivado que o fiel se acomode ao mundo das novas tecnologias, acumule riquezas, more melhor, possua carro e não tenha sentimento de culpa por não negar o mundo; pelo contrário, a conduta ascética tem diminuído entre os pentecostais desde a década de 70.
Na relação de troca o fiel dá o dízimo, ofertas, participa das campanhas:
É necessário dar o que não se pode dar. O dinheiro que se guarda na poupança para um sonho futuro, esse dinheiro é que tem importância, porque o que é dado por não fazer falta não tem valor para o fiel e muito menos para Deus. (MACEDO, Isto É Senhor, 22/11/1989).
E tem a garantia dos pastores de que Deus cumprirá sua parte: Ele ficará na obrigação de cumprir Sua Palavra.(MACEDO, Mensagens, p. 23). E ainda, O ditado popular de que 'promessa é dívida' se aplica também a Deus. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, p. 103). A ênfase na necessidade de dízimos e ofertas é explicada pelos líderes da IURD: caso o fiel não alcance o sucesso almejado, a responsabilidade e a falha são suas.
As doações em dinheiro ou bens são presentes colocados no altar de Deus, logo, para uma grande bênção, um valioso presente! A fé é um instrumento de troca; uma mercadoria, e nesta relação "toma lá, dá cá", a imagem de Deus torna-se mais próxima e trivializada, em oposição à doutrina difundida pelo protestantismo histórico e pelo catolicismo tradicional, a partir da qual reverência e submissão são enfatizadas.
Dependendo do grau de interesse do ofertante, o presente, por mais caro que seja, ainda assim se torna barato diante daquilo que está proporcionando ao presenteado. Quando há um profundo laço de afeto, ternura e amor entre o que presenteia e o que recebe, o presente nunca deve ser inferior ao melhor que a pessoa tem condições de dar. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p. 12)
O fiel deve sacrificar o "seu tudo". A IURD tem uma campanha em que estimula o fiel a doar o máximo que puder na espera da bênção. Muitas pessoas dão tudo o que têm naquele momento de sua vida: uma caderneta de poupança, o dinheiro para comprar comida, o dinheiro para o ônibus, e assim por diante.
Aqueles que vêem as doações das ofertas com maus olhos, ou seja, do ponto de vista meramente mercadológico, principalmente do lado da Igreja, também têm dificuldades para compreender a razão da vinda do Filho de Deus ao mundo. (...) haja vista que a oferta está intimamente relacionada com a salvação eterna em Cristo Jesus. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p. 14)
O adepto é conclamado a concorrer por melhores condições num mundo de extrema desigualdade social. E ainda tem de assumir uma responsabilidade a mais: a de ter sucesso, senão sua vida pode estar comprometida com as forças malignas ou com sua própria incapacidade de gerenciar suas possibilidades. Há muitas oportunidades para aqueles que vivem nos bolsões de pobreza? É onde se encontram muitas igrejas da Universal. Mas, mesmo assim, é preciso "sacrificar" diante de Deus e, de preferência, em dinheiro: Aqueles que examinam o custo do sacrifício jamais sacrificarão uma grande oferta, e aqueles que não sacrificam para a obra de Deus jamais conquistarão qualquer vitória. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, p. 21).
Colocado nestes termos, é o fiel quem decide: Tudo depende de você. Se perseverar, automaticamente conquistará as bênçãos de Deus. E assim, entrará na terra prometida. (MACEDO, Mensagens, p. 21).
E a igreja administra a sua doação: A árvore proibida, no paraíso, representava o dízimo, isto é, a parte de Deus na qual o homem não podia sequer tocar, embora pudesse regá-la e fazê-la crescer. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, pp. 99-100). Já ao fiel cabe expulsar Satanás, participar das correntes de prosperidade, ler sobre como muitos irmãos conseguiram resultados exigindo de Deus o que têm direito. De resto, aquele que não alcançar uma bênção, não dará testemunho nem será citado nos livros.
Alguns dos pregadores da prosperidade ensinam que Jesus era rico materialmente e que todo cristão tem direito a prosperidade material, porém uma leitura mesmo superficial dos evangelhos, mostra a total despreocupação de Jesus pelos bens materiais.

Teologia da Prosperidade e a Auto Ajuda
                A auto ajuda consiste em exaltar o indivíduo e colocá-lo no centro da situação, sempre exaltando a sua auto estima, Os pregadores dessa doutrina dificilmente prega sobre  pecado, antes suas mensagem são sempre  aquelas, as quais  trazem uma mensagem de falsa paz e conformidade com o pecado (nunca acusando o indivíduo como culpado).
É certo que muitas pessoas neste mundo são ricas, mesmo sem possuírem Deus no coração. Vencem, entretanto, porque confiam na força do seu trabalho, e por isso, são possuidoras de uma riqueza honesta e digna. (...) Reafirmo que nossa vida depende de nós mesmos. (MACEDO, Mensagens, pp. 27, 22).
Algumas das características do discurso iurdiano denotam a recomendação de autoconfiança; o fiel deve crer nele mesmo, em sua capacidade individual. A estratégia oferecida pela IURD, baseada na Teologia da Prosperidade, estimula o membro da igreja a ser participativo nos cultos em relação a ofertas e dízimos e reivindicar perante Deus aquilo que lhe pertence por direito. Se todo o discurso sobre espiritualidade vem atrelado à intervenção do Diabo, quando se trata de dinheiro, o fiel tem de ir à luta e buscar a Deus com revolta, que neste caso, assume um sentido de inconformidade com a própria situação: doença, pouco dinheiro, ser empregado assalariado, etc., e é Deus quem tem que assumir Sua posição diante do fiel: a IURD assim o exige. Porque Deus é obrigado, como em um contrato, a fazer sua parte!
Depende apenas de você o que será feito de sua vida, pois quem decide nosso destino somos nós mesmos. Não são as outras pessoas; não é Deus, nem o Diabo. (...) Não adianta ficar só jejuando ou orando. É preciso buscar o que você quer; fazer a sua parte, e então falar ousadamente com Deus, revoltado com a situação. Você deve dar o primeiro passo, pois Deus não o fará por você. (MACEDO, Mensagens, p. 28)
Refutação
Base bíblica
I Timóteo 6
5  Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais.
6  Mas é grande ganho a piedade com contentamento.
7  Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele.
8  Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.
9  Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.
10  Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
11  Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
12  Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.
13  Mando-te diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão,
"Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."  (Mateus 6 : 33)
II Corintios 11
23  São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
24  Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
25  Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
26  Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
27  Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
28  Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
29  Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?
30  Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
31  O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32  Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem.
33  E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.

Bibliografia:
·         Teologia da Prosperidade, Francisco Belvedere Neto.
·         Revista Brasileira de História - vol.22 no.43 SP - Os pentecostais: entre a fé e a política
·         MARIANO, Ricardo. "Os pentecostais e a teologia da prosperidade". In Novos Estudos. SP CEBRAP
·         GOMES, Wilson. "Nem anjos nem demônios". interpretações do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes.
·         HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em Crise. CPAD, Rio, 1996.

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