Deus não é o autor do Pecado!(Parte I)

Deus Decreta Pecados?
Helder Nozima
I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.
Ref. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5. (CFW, cap. V. art. 1)

I. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza.
Ref. Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7. (CFW, cap. IX, art.1).
Afinal, as coisas acontecem por que nós queremos e determinamos que elas fossem assim ou por que Deus assim ordena? A compreensão da teologia reformada é a de que os dois lados são igualmente verdadeiros. Deus "dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor". Por outro lado, o homem é livre, de tal forma "que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza".
Em outras palavras, tudo o que nós fazemos, nas mínimas coisas, desde um bocejo até a decisão de seguirmos ou não a Cristo, é governada e dirigida por Deus. Por outro lado, se decido vestir uma camisa vermelha e não a azul, ou se me recuso a seguir a Cristo, o faço porque escolhi livremente aquela decisão.
Acreditar no que disse acima já é uma barreira enorme para muitos, mas é o ponto de vista oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil e de todas as igrejas reformadas que adotam a Confissão de Fé de Westminster (CFW). Essas idéias também foram defendidas por não presbiterianos, como os batistas Charles Spurgeon e Arthur Walkington Pink. Hoje, expoentes batistas como John Piper e Wayne Grudem defendem a mesma visão. Quem quiser conferir, basta checar as referências bíblicas na citação acima ou ler, por exemplo, a explicação de providência divina dada na Teologia Sistemática de Wayne Grudem.
Mas, se já é duro ler esses artigos da CFW, é mais difícil ainda pensar nas conseqüências. Se Deus dirige as mínimas coisas então os nossos pecados também foram decretados por Deus. Sim, pecamos não apenas porque nós decidimos assim, mas também porque Deus decretou que pecaríamos. Isso pode ser visto em várias passagens:
1) Na crucificação de Jesus
No sermão do dia de Pentecostes, Pedro atribuiu a crucificação de Cristo tanto à vontade humana como ao decreto divino:
Varões israelitas atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos... (Atos 2:22-23).
A mesma idéia é repetida pela igreja, quando ora agradecendo ao Senhor pela libertação dos apóstolos:
Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram..." (Atos 4:27-28).
A crucificação de Jesus foi, sem dúvida alguma, um dos maiores pecados já cometidos na face da Terra, só sendo superado (talvez) pela blasfêmia contra o Espírito Santo. No entanto, se vê que foi um pecado decretado por Deus e executado, livremente, pelos homens predeterminados para isso. Pelo menos essa é a interpretação dada por Pedro e pela igreja de Atos.

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