Existe algo pelo qual se valha a pena viver?
Por Edmairy Araújo.
Aqui na Terra, vivemos restritas
ao cronos. Somos seres finitos: hoje habitamos debaixo do sol, e só futuramente
prestaremos conta de nossos dias a Deus, onde receberemos eternamente gozo ou
tormenta. Como não se executa logo o juízo sobre nossas obras, gastamos dias e
dias comendo, bebendo, indo para os nossos trabalhos e dormindo para, no outro
dia, fazer tudo novamente. Nada há de novo. O que hoje nossa geração está
fazendo outra geração assim o fez.
Podemos gastar os dias que vivemos
debaixo do sol de vários modos: empreendendo conquistas, fazendo uma obra
memorável para a posteridade; nos gastando em deleites e prazeres, buscando dar
à nossa carne tudo o que ela deseja para sua breve satisfação. Podemos investir
em relacionamentos, ou em nossa carreira. Podemos simplesmente nos render ao
ócio e não fazer nada de útil para o próximo.
Eu mesma já gastei os meus dias
ficando triste pelas coisas que não fiz e ansiando pelas coisas que deveria
fazer. Todos os anos, fazia planos. Porém, anos iam e vinham e eu ficava a “comer
minha própria carne” (Provérbios). Diante do Senhor, ficava a resmungar por não
ter alcançado maturidade por tantos anos em que professava a fé. Achava que
deveria me esforçar sem a graça de Deus para me capacitar. Como Salomão,
busquei minhas respostas e compensações. Busquei debaixo do sol algo pelo qual
valia a pena se gastar. Tracei caminhos escusos, regida pela minha própria
carnalidade. Mas a graça de Jesus me alcançou e me tirou do lamaçal do pecado.
Não conhecemos a totalidade da obra
que Deus faz durante toda a eternidade e isso o faz para que tenhamos temor
diante dele. Uma coisa sei ao certo: a vida nesta terra tem um sentido. As
palavras de Paulo me são inspiradoras: “Já estou crucificado com Cristo; e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por
mim” (Gálatas 2. 20, 21). O apóstolo fala de vida e morte: morte para o mundo e
seus “encantos” e vida para Cristo.
Tenho visto, como Salomão, muitos
desvarios debaixo do sol. Tenho visto, em tudo isso, o quanto somos omissos e
tolerantes como o mal, o quanto não consideramos a vontade de Deus. Professamos
emocionados os credos corretos e a fé verdadeira, porém, o nosso coração é
totalmente voltado para a nossa comodidade. Reclamamos do tempo, dos
governantes, das injustiças... Mas, o quanto temos orado a Deus clamando pela
misericórdia do Senhor? Olhamos o relógio preocupados com outros afazeres
quando estamos orando ou lendo a bíblia, mas não vemos o arrastar do nosso
precioso tempo quando assistimos um filme interessante ou quando estamos nas
redes sociais. Estamos cansados para quaisquer serviços extras na igreja ou
nesse mundo em que o Senhor nos pôs para iluminar. Mas, se alguém nos convidar
para ir a uma lanchonete, lá iremos nós.
Tenho me sentido responsável pela
condição moral da sociedade. Não que seja eu a salvadora do mundo, pois só
Jesus é quem pode salvar o pecador. No entanto, Deus me salvou para que eu seja
diferente, sal e luz. E cada vez que deixo de iluminar e salgar, que ponho
minha confiança na aparência terrena, estou concordando com os caminhos do
Príncipe deste mundo tenebroso. Cada falta de diligência nas coisas espirituais
e cada desvario cometido no tocante aos negócios desta vida justificam os
ímpios na prática do pecado. Por isso, me esforço em oração para a prática do
bem. Isso porque a vida que vale a pena ser vivida debaixo do sol é a
existência firmada na glória de Cristo, e nenhuma outra.
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